Madrugada First performance by: Duarta Mendes - 1975
Dos que morreram sem saber porquê Dos que teimaram em silêncio e frio Da força nascida no medo E a raiva à solta manhã cedo Fazem-se as margens do meu rio
Das cicatrizes do meu chão antigo E da memória do meu sangue em fogo Da escuridão a abrir em cor Do braço dado e a arma flor Fazem-se as margens do meu povo
Canta-se a gente que a si mesma se descobre E acorda vozes arraiais Canta-se a terra que a si mesma se devolve Que o canto assim nunca é demais
Em cada veia o sangue espera a vez Em cada fala se persegue o dia E assim se aprendem as marés Assim se cresce e ganha pé Rompe a canção que não havia
Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega Acordem vozes e arraiais Cantem despertos na manhã que a noite entrega Que o canto assim nunca é demais
Cantem marés por essas praias de sargaços Acordem vozes, arraiais Corram descalços rente ao cais, abram abraços Que o canto assim nunca é demais O canto assim nunca é demais
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