A despedida dum fumador feliz,xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
Quantas vezes não vê no ecrã branco, a mulher fatal com boquilha na mão seduzir os homens.
Evidente, o celerado podia reconhecer imediatamente ao seu cigarro num canto de boca. Já lá vai o tempo em que nas festas foi oferecida à mesa não só amendoins mas também cigarros de marcas diferentes. Simplesmente fumar teve aspecto chique e robusto. Na altura muitos gostaram de discutir, de beber e fumar de um cigarro que está aceso recentemente. Cinzeiros cheios de beatas, mulheres que deixam fugir lentamente a fumada pela nariz ou estabelecimentos onde se pode reconhecer as pessoas somente aos movimentos dos cigarros de fogo amuado. Hoje em dias tornava se actos e lugares do passado.
O fumador feliz ainda não existe. O fumador é porco, fraco é ele, sem carácter, alguém que se suicida com uma lentidão provocante que também tenta arrastar os outros numa expectoração sanguinosa ou no jardim do hospital ao balão de oxigénio. Hoje em dia o fumador é alguém que fica expulsado no frio, está lá triste com os ombros encolhidos e olhos embravecidos a chupar às escondidas ao seu cigarrinho numa beca deserta. Só fica tolerado diante dum restaurante ou ao portão da empresa, tranquilo, envolvido num nevoeiro grisalho com as costas orientado para as pessoas como se quisessem dizer " não olhas para mim, envergonho-me, sou um fumador".
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