O poema inesperado
O reencontro que tive depois 12 anos com o Porto ocorria numa maneira fantástica. O tempo tinha estado esplêndido, somente um dia tivemos de compartilhar a cidade com os caprichos do inverno e só uma vez deveu abrigar nos duma bátega forte e, mesmo aquele momento desagradável a cidade do Porto fazia magia, pois, ao outro lado da rua, numa fachada ficam escritos em letras de bronze, um poema encantado. Enquanto caísse a chuva com baldes do céu e a rua íngreme se tornaria uma marmota de água, folhas e outras sujidades. Então no meio deste mau tempo eu estava a ler palavras doces
Um Recado ao Porto, Porto, querido paizinho, Com o teu fato enrugado, recebe esta carta minha, Que te leve o meu recado! Que deus te ajuda, meu Porto, A cumprir esta mensagem, De um português que está longe,que anda sempre em viagem! Vai dizer adeus a sé, De casas pobres, velhinhas, Vai por mim beijar as antas, E abraçar as Fontainhas! E mesmo que seja noite, que o vento faz um açoite E a chuva miudinha, Abraça por mim a malta, Que pára na ribeirinhas, Se for noite de são João, Vai pelas ruas tripeiros, Acende o meu coração, chama das tuas fogueiras! Depois leva-o pela cidade, Numa vaso de manjerico, para matar a saudades. Esta saudade em que fico! Autor José Viana .Rescrição do fado. Recado a Lisboa
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