Um poste indicador discreto (um cacho de uvas desenhado) mostrou-nos o caminho para um passeio prodigioso, pois a estrada de alcatrão que vai ter à adega desvendará alguns recantos espectaculares. As escassezes casas todos com jardim que encontrámos ao lado do caminho estiveram bem amanhadas. Esteve meio-dia e felizmente o sol ficou disfarçado atrás um véu de cúmulos, de modo que não possamos nos fatigar demasiado pelo calor.
Não vimos a granja mas os cães daquela quinta já anunciaram a nossa chegada. O estábulo foi ocupado pelas vacas e o balir das cabritas também revelou a sua presença. A lavradora esteve a pendurar a roupa limpa enquanto as galinhas multicores andavam livremente no pátio. O odor de estruma penetrou pelas ventas mas não irritou, afinal estávamos no campo.
Antes de ultrapassar a ponte romana explorámos a ribeirinha que corre por baixo a ponte. Fiquei entusiasmado ver uma cascata e as mós de uma azenha desaparecida. Deixámos a alcatrão e seguimos um trilho poeirento que nos dirigiria para a herdeira.
Em volta, uma paisagem ondulante, campos de cereais, variado por olivais e vinhas.
Ao longe vimos atrás copos verdes das árvores o tecto e chaminé da herdeira. A adega esteve a vinte passos afastados do proprietário antigo. Todos os utensílios pareceram ainda novo e barris de madeira branca estiveram empilhadas um para outro à fachada. Uma coisa tirou nossa atenção, uma máquina para recolher e separar automaticamente os cachos das vinhas. Nunca tive visto uma máquina assim na minha inteira vida.
|
No interior, os olhos deveram habituar à escuridão antes que possam ver alguma coisa, mas cheirou bem à pintura nova. A adega teve três divisões, uma funcionou com armazém e lá estavam empilhados as caixas de vinho mais os barris, e a segunda foi instalada com caldeiras metálicas para destilar o vinho. Na última ocorreu as vendas. Para dizer a verdade, estivemos mais interessados no edifício que no vinho e fizemos um questionário sobre tudo. Não tivemos o intenso comprar vinho, mas o jovem atrás do balcão teve maneiras e respondeu pacientemente todas as perguntas e mesmo entregou-nos um plano da região com todas as adegas e pontos de interesse indicados. Afinal somos estudiosos e a conversa acabou inevitavelmente sobre vinho dessa adega de Alcube. Os cálices foram enchidos, o vinho com sabor rico e frutuoso convidou para provar ainda mais e o jovem encheu de bom grado os copos com o delicioso produto dessa terra de Alcube. Deixámos a adega bem - humorado e carregado com alguns litros de vinho.
|